IMPROVISO CORRIGIDO
Se minto? Quantas vezes!
Mas em palavras. Não
Nos meus olhos castanhos portugueses,
Nestas linhas atávicas da mão…
Se minto?... Minto, pois!
Mas nas orais palavras que vos digo,
Não nas que entoo a sós comigo,
E em que enfim deixo de ser dois.
Não nas que entrego a músicas, miragens,
Alegorias, fábulas, mentiras,
Cadências, símbolos, imagens,
Ecos da minha e mil milhões de liras.
Se minto?... Minto! É regra de viver.
Mas não quando, poeta, me desnudo,
E a mim me visto de inocência, e a tudo.
Venha quem saiba ver!
Venha quem saiba ler!
Retirei este poema do livro "Cântico negro", colectânea da poesia de José Régio.
O belíssimo poema com o mesmo nome foi postado no roldeleituras , em Maio de 2015.
José Régio, poeta português (1901-69)
Foto da net.
Olá, Adorei a poesia
ResponderEliminarEscolheu muito bem
Boa semana para você
Beijos
Lua Singular
Não conhecia mas gostei!!!bj
ResponderEliminarÉ verdade, os olhos não mentem, quantas vezes descobrimos a mentira através dos olhos? Eu, particularmente, descubro quem mente através da expressão da boca. Não sei a razão.
ResponderEliminarMas a luta em mentir para nós, dói, é a mais dilacerante, castiga, rompemos com nossos princípios. Tenho uma relação estremecida com a mentira, sempre disse aos meus filhos, digam a verdade, por mais que doa! Mentem, apenas, por compaixão.
Gostei muito, Teresa, vou procurar saber mais desse poeta.
Beijo!
Olá, gosto de ler José Rego,
ResponderEliminarO poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm
Fernando Pessoa
Dizem os mas antigos que a mentira tem perna curta, pergunto, "será?".
Continuação de boa semana,
AG
Olá António!
EliminarTambém eu gosto de ler José Régio. E Fernando Pessoa. E...e...
São extraordinários os nossos poetas.
Fingidores, eles? Somos todos!
Obrigada pela referência feita no seu blogue ao meu roldeleituras. Fiquei de lagriminha no olho. Verdade!
Boa semana.
Toda a gente mente... rsrsrs...
ResponderEliminarMagnífica escolha poética. José Régio foi um grande poeta.
Bom fim de semana, amiga Teresa.
Beijo.
Adorei a postagem
ResponderEliminarBeijo
Bom fim de semana
E eu adorei que tivesse passado por aqui.
EliminarBoa semana. Saúde!
Beijo.
Gostei muito do José Régio, Teresa, busquei aqui: https://www.escritas.org/pt/jose-regio
ResponderEliminarUm dos versos do POEMA DO SILÊNCIO:
Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.
Excelente.
beijo, amiga!
Boa partilha
ResponderEliminarBj
Atiendo a la invitación de "Existe sempre um lugar" y ha sido muy grato para mí encontrarme con esta poesía. Mentimos, sí, para engañarnos a nosotros mismos. esa es la más terrible de las mantiras. Muy buen poema.
ResponderEliminarSaludos muy afectuosos y cordiales. Franziska
Bem vinda, Franziska!
EliminarConcordo consigo. Mentir aos outros é uma forma de nos enganarmos a nós próprios. Dura verdade essa!
“Aquele que diz uma mentira não calcula a pesada carga que põe em cima de si, pois tem de inventar infinidade delas para sustentar a primeira.”, palavras sábias de Alexandre Pope, poeta inglês (1688-1744).
Bj.
Gosto muito da poesia de José Régio. Foi muito bom encontrá-lo aqui.
ResponderEliminarUm beijo.