“A violação do amor” (Editora Propagare, 2016), da autoria de Manuel de Sousa Falcão, reúne mais de 100 poemas - “textos confessionais”, diz o poeta - escritos entre 2009 e 2016.
São poemas para ler devagar, pensar, reflectir e compartilhar com aqueles que amamos, ou gostamos.
Reproduzo dois dos meus favoritos.
Fico a aguardar o próximo livro, senhor professor, poeta, pintor.
Sucesso!
SORRI
Sorri
Mesmo que não te apeteça
Conversa sem que te meça
Fala da pele e nunca mais do que isso
Diz de ti apenas a superfície
Diz de texturas e não
De ligaduras de nervuras de vidas duras
De doenças sem curas.
Esconde-te cobre-te recolhe-te
É que cansei-me de ti
Algum dia o passado irrompeu
E és o que eras
Não te salvei não te mudei
Como o Paraíso por perdido
Deu lugar ao Vale de Lágrimas
E tarda a redenção
Ou não vem
Eu não quero morar aqui
Por tudo o que vi o que vivi o que senti
A NOITE
Uma noite
Faço o mesmo percurso
Do mesmo modo
A ouvir os passos
Escutar (esses) ruídos
Da hora tardia
E entrando em mim,
Compreendendo-me.
Não me desculpo
Talvez chore
(Alguma memória
Chamará um
Sorriso breve
Uma saudade breve)
O mesmo percurso
O cansaço extremo,
Impede-me de pensar o
Regresso.
Oi tereza
ResponderEliminarLeituras de grandes autores que devem ser lidas devagarinho, tamanha são as dificuldades de interpretações.
Gostei muito
Beijos no coração
Lua Singular
A primeira, SORRI, dá o que pensar... linda, verdadeira, dolorida, mas não muito surpreendente.
ResponderEliminarA NOITE, vi tanta tristeza...
Belas tuas escolhas! Gosto de poemas assim, que nos fazem pensar, refletir e até temer. Têm conteúdo. Nada é em vão.
Beijão!
Teresa, relendo esse meu comentário, percebi que talvez não deixei claro a frase " mas não muito surpreendente". Quis dizer com isso que sorrir e largar as tristezas, ser feliz, precisamos cumprir um certo roteiro dito no belo poema. É difícil ter ao lado, um queixume constante, isso é que não surpreende mais.
EliminarCapito, amiga? Às vezes temos de ser mais claros. Mea culpa!
beijinhos.
Tais querida, como não sabemos o que está por trás das palavras dum poeta, nem sequer se é dor, alegria ou tristeza o que ele sente quando as escreve, o poema é interpretado à maneira de cada leitor.
EliminarÉ o que eu penso.
Eu, que não sei escrever versos, fico-me pela leitura do que outros escrevem.
Poemas há que não me saem da cabeça, outros passam-me ao lado.
Não é assim com tudo na vida?
Beijo.
Nos dois poemas. o autor denota cansaço, vontade que sua vida tome outro rumo...
ResponderEliminarSão poemas de conflitos existenciais perfeitos.
Conheces o autor? Em que área ensina?
Beijos, Amiga.
~~~~~~~~~
Olá Majo!
EliminarSim, conheço o autor.
Vive no Porto e a sua área de ensino é História da Arte.
Quanto ao cansaço e aos problemas existenciais... ele lá sabe.
Beijo amiga, e bom domingo.
(Espero que estejas bem de saúde, tá?!)
Olá, Teresa!
ResponderEliminarNão conhecia o poeta Manuel de Sousa Falcão, mas pelos dois poemas que tu editas, "Sorri" e "A noite", vejo que se trata de um grande talento. Gostei dos dois poemas. Como acontece com os bons poemas, melhor será ler e refletir. Aprenderemos muito sobre poesia e sentimentos.
Uma excelente semana, com muita paz.
Um abraço.
Pedro
Pedro Luso acredite é dos melhores seres humanos que existem o Manuel Souza Falcão
EliminarNão conheço o autor. Gostei dos poemas. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.