17 janeiro, 2017

Recordando… Florbela Espanca


A MINHA DOR
A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.

Os sinos têm dobres e agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal…
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias…

A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca ou viu alguém!

Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém, ouve… ninguém vê… ninguém…

"No Mundo, passo por todos, vendo alguns; na vida esqueço-me de quase todos, esquecendo-me de mim. Quase tudo me é indiferente.", Florbela Espanca (1894-1930)

Está decidido, em 2017 vou reler a obra poética da grande Florbela Espanca e partilhar no meu rol alguns sonetos que me tocam particularmente.
Pensei nisto depois de ler “Florbela Espanca”, de Agustina Bessa- Luís, em Setembro de 2016.
Já agora, se gosta da obra de Florbela Espanca não deixe de ler esta biografia.

6 comentários:

  1. Uma poetisa sem comparação.

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  2. Adoro Florbela Espanca, Teresa! Ela está entre as minhas preferidas, embora sejam doloridos seus poemas, são de uma beleza ímpar! Comove. Como sofreu...que vida interior tumultuada.
    Os poemas Ela e Pra quê? revelam todo seu sofrimento, aliás, quase todos seus poemas são reveladores. De vez em quando também posto algo dela.
    Bela postagem, minha amiga!
    Beijo.

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  3. É mesmo uma biografia que quero ler. A ver o que tem de diverso. Este ano vou dedicar-me mais à leitura que é boa companheira.

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  4. Olá Teresa.
    Belíssimo poema. Florbela Espanca deixou-nos uma bela obra poética. Cada vez que relemos alguns de seus poemas sempre encontraremos uma beleza não encontrada na leitura anterior.
    Um ótimo final de semana.
    Abraços.
    Pedro.

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    1. Olá Pedro.
      Concordo, ler ou reler Florbela é sempre um deslumbramento. Vou postar mais poemas. Aguarde.
      Obrigada por passar por aqui.
      Vou espreitar o seu blogue.
      Abraço para si e Taís.

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