Quando descobriu em si o impulso narrativo, a vontade de contar?
Escrevi a primeira novela aos 15 anos. E passei a adolescência a escrever novelas, que começava e não acabava porque era tão meticuloso que queria que parecessem impressas. Fiz também alguma banda desenhada e escrevi poesia, mas isso não conta porque a poesia entre os 16 e os 20 anos é como a masturbação. De facto, tive sempre este impulso narrativo e quando apresentei a minha tese de doutoramento – sobre a Estética de São Tomás de Aquino – um dos meus professores disse que havia nela algo de curioso: quando alguém faz uma pesquisa, chega a certas conclusões e fixa-as no papel. Eu, pelo contrário, estava a contar a história da minha pesquisa como se fosse uma história de detetives. Para ele isto era uma falha para mim é uma virtude. Todos os meus ensaios tinham esta estrutura narrativa e, num sentido, estava a escrever romances sem o saber. Provavelmente comecei a escrever romances porque os meus filhos cresceram e já não podia contar-lhes histórias. Arranjei outra maneira.
Só aos 48 anos publicou “O Nome da Rosa”.
Adiei o momento de contar histórias porque tinha outras coisas para fazer. Só depois de ter feito tudo o que queria – o meu lugar na universidade, os ensaios publicados, dois filhos – perguntei-me: “O que vou fazer agora?”. Vou contar histórias.
Na entrevista concedida a Luciana Leiderfarb, e publicada na “E”, revista do jornal Expresso de 18 Abril 2015, Umberto Eco fala sobre a infância, a escrita, a Europa e... o novo romance "Número Zero" (sobre os limites do jornalismo), em Maio nas livrarias portuguesas.
Vale a pena ler na íntegra.
Só li uma obra dele: O pêndulo de Foucault. Mas ainda quero ler esse seu romance mais conhecido.
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