Pobre Molly. Tudo começou com um formigueiro no braço no momento em que o ergueu junto do Dorchester Grill a fim de mandar parar um táxi. (…) A rapidez com que caíra na loucura e no sofrimento tornou-se o tema de todas as conversas: a perda do controlo das funções físicas e, ao mesmo tempo, de todo o sentido de humor, e, em seguida, a perda do sentido da realidade, entrecortada de episódios de violência e de gritos abafados.
Logo nas primeiras páginas desta curta novela – que valeu ao escritor o Man Booker Prize, 1998 - ficamos a par da doença, morte e funeral de Molly. Assim, de rompante. Depois, começa a história. E que história!
Molly Lane era uma conhecida figura da sociedade londrina, uma brilhante crítica de gastronomia e fotógrafa. Presentes no seu funeral, que juntou centenas de pessoas, estão quatro homens que a amaram - Clive Linley, Vernon Halliday, Julian Garmony, ex-amantes, e George, o marido. Marido que ela nunca abandonara, embora sempre o tivesse tratado mal.
Os quatro homens conhecem-se. Clive e Vernon são mesmo grandes amigos.
Clive é um pianista, compositor de sucesso. Foi quem primeiro conheceu Molly. Em 1969, eram ambos estudantes, apaixonaram-se e viveram juntos alguns anos. Mantiveram-se bons companheiros e gostavam de falar das suas relações, de música, de comida.
Vernon é jornalista, director do “The Judge”, jornal que necessita rapidamente de uma notícia bombástica. Conheceu Molly em 1974,em Paris. Ele conseguira o primeiro emprego na Reuters, ela fazia alguns trabalhos para a Vogue. Viveram juntos um ano. Reataram em meados dos anos 80.
Julian é um político desprezível e corrupto, candidato a primeiro-ministro. A sua relação com Molly foi recente e breve.
George, é um editor triste e rico, taciturno e possessivo. Louco por Molly, nunca pôde impedi-la de ter ligações, mas no fim teve-a só para si, quando decidiu tratar dela, selecionar as visitas e dosear a presença dos ex-amantes, quando ela já não conseguia reconhecer o seu próprio rosto no espelho.
A morte inesperada e triste daquela rapariga encantadora, aos quarenta e seis anos, vai despoletar uma série de estranhas e imprevisíveis ocorrências, que trazem ao de cima o pior dos vícios humanos – a traição pessoal.
George, é um editor triste e rico, taciturno e possessivo. Louco por Molly, nunca pôde impedi-la de ter ligações, mas no fim teve-a só para si, quando decidiu tratar dela, selecionar as visitas e dosear a presença dos ex-amantes, quando ela já não conseguia reconhecer o seu próprio rosto no espelho.
A morte inesperada e triste daquela rapariga encantadora, aos quarenta e seis anos, vai despoletar uma série de estranhas e imprevisíveis ocorrências, que trazem ao de cima o pior dos vícios humanos – a traição pessoal.
E como acaba esta irresistível comédia negra?
Com fotos estranhas a andarem de mão em mão. Com um erro grave de discernimento editorial. Com sinfonias inacabadas. Com uma operação de coração aberto. Com medos da solidão. Com amigos que viram inimigos mortais. Com um voo de Manchester para Amesterdão.
Amesterdão? Sim, Amesterdão, onde tudo vai acabar… mal.
Confuso?
Ainda bem!
Amesterdão, de Ian McEwan
Tradução de Ana Falcão Bastos
Ed. Gradiva, 1999
191 págs.
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