25 julho, 2014

TOLSTOI em "O enredo conjugal" de Jeffrey Eugenides

"… Tolstoi contava uma fábula russa sobre um homem que, perseguido por um monstro, se lança para dentro de um poço. Todavia, quando vai a cair pelo poço abaixo, o homem vê que está um dragão no fundo, pronto para comê-lo. Nesse momento, o homem repara num galho que se destaca da parede, agarra-se a ele e fica pendurado. Assim evita cair nas mandíbulas do dragão, ou ser comido pelo monstro que o persegue, mas nessa altura surge um pequeno problema. Dois ratos, um preto e um branco, correm pelo galho, que vão roendo à volta. É apenas uma questão de tempo até roerem o galho todo e o homem cair. Enquanto pensa no seu destino irremediável, o homem repara noutra coisa: do extremo do galho a que está agarrado escorrem umas gotas de mel. O homem estende a língua para lamber o mel. 
É esta, dizTostoi, a sina do ser humano: somos o homem agarrado ao galho. A morte espera por nós. Não podemos fugir-lhe. E por isso distraímo-nos lambendo qualquer gota de mel que esteja ao nosso alcance."

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