29 março, 2017

Recordando... Florbela Espanca


EU
Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera…
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim… e não me via!

Andava a procurar-me – pobre louca! –
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

“Que heroínas somos nós às vezes! E que covardes.”, Florbela Espanca (1894-1930)

4 comentários:

  1. Pensando bem acho que Florbela é a minha preferida! Esse 'EU', postado, é de 1930, o outro EU (que adoro) é de 1919 - Livro das Mágoas.
    'Eu sou a que no mundo anda perdida
    Eu sou a que na vida não tem norte...' (e por aí vai).

    Essa poeta era fantástica, genuína. Não lembro de ninguém assim.
    Beijo, amiga!
    Postei um comentário no anterior, acho que você não viu.

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    1. Tais, também conheço esse outro "Eu". É belíssimo!
      Florbela foi (é) uma grande poetisa. Eu, quanto mais a leio mas gosto.
      Beijo.

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  2. Florbela,uma excelente representante da nossa Poesia.

    Obrigada, Teresa.

    Bj

    Olinda

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  3. Tem um rosto tão mesmo alentejano que outro não poderia ser. Acho que comecei a gostar de poesia com Florbela.

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