07 março, 2017

24º - Excertos do "Livro do desassossego", de Fernando Pessoa


257-(13-6-1930)
“Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já não o tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade do nada. Não tenho esperanças nem saudades.”

260-(Junho-Julho de 1930)
“Somos quem somos, e a vida é pronta e triste. O som das ondas à noite é um som da noite; e quantos o ouviram na própria alma, como a esperança constante que se desfaz no escuro com um som surdo de espuma funda! Que lágrimas choraram os que obtiveram, que lágrimas perderam os que conseguiram! E tudo isto, no passeio à beira-mar, se me tornou o segredo da noite e da confidência do abismo. “

Leia (tudo) e… deslumbre-se!


4 comentários:

  1. Todos nós só podemos viver no presente. É plausível que nos voltemos para o passado ou para o futuro. Ou estejamos de mãos dadas com os dois, uma mão para cada. Mas a vida conjuga com presente. Porém, a relação que temos a um tempo e a outro não é semelhante: um já o vivemos e, de certa forma, nunca se perde. O outro é incógnito, possibilidade apenas. Mas em Pessoa é tudo muito único. Até o tempo.

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  2. Fernando Pessoa é único, mesmo. Fiquei olhando e pensando quantas pessoas vivem seu presente com mágoas, com tristeza por não soltar o passado, é preciso soltá-lo! Passou. E tantas outras renegam seu presente para construírem seu futuro! Como é difícil se posicionar entre o que foi e o que será. Por outro lado, penso nos que vivem sempre o presente, o aqui e agora. Conheço gente assim, mas não terão de dar um pensada no seu futuro? Tenho um parente assim. É preocupante. Jogarão todas as cartas no presente?
    Vejo o quão é difícil isso...
    Beijo, querida amiga.

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  3. Teresa, como você é amável!... Muito obrigado pela visita ao meu blog e às palavras de tirada inteligente afeto lá deixadas. "Vim buscar a minha flor, também". Gostei imensamente deste espaço e cometi um pequeno deslize ao comentário do diário tirado de um livro pertencente a senhora sua mãe e que eu o tomei como seu texto. Foi a pressa a cumprimentar o maior número de amigas possível. Volto aqui com à mea culpa e comentar este post também. Sou grande admirador de Fernando e o li reli, decorei poemas etc. Mas este não o conhecia. Vou procurá-lo. Muito obrigado. Abraço fraterno. Laerte.

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  4. Olá Laerte!
    Tudo bem, sem quaisquer problemas. Nunca!
    Se admira Fernando Pessoa, compre este livro do poeta. Tenho a certeza de que não mais o vai largar.
    É para ler devagar, muito devagar... todos os dias um bocadinho. É para reler, e reler, e reler...
    Depois me dirá se tenho ou não razão.
    Repito, Laerte compre "O livro do desassossego".
    Abraço.

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