Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus olhos colhendo doce fruito
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito;
(Luis de Camões, Os Lusíadas 1572)
Dizem os manuais que o romance histórico é uma mistura de história e ficção.
Ora, depois de ler “Inês de Castro” posso afirmar que a escritora espanhola María Pilar Queral del Hiero alcançou a mistura perfeita, neste romance sobre os amores dramáticos de D. Inês de Castro e D. Pedro de Portugal.
Reza a lenda, que Inês de Castro foi senhora de grande formosura, que foi o grande amor de D. Pedro, que foi executada a mando do rei D. Afonso IV, que foram as suas lágrimas que criaram a Fonte das Lágrimas no lugar onde viveu com Pedro um grande amor.
Diz ainda a lenda, que depois de subir ao trono, D. Pedro, o rei Justiceiro, a fez aclamar Rainha de Portugal e mandou matar e arrancar o coração dos seus assassinos.
Tudo isto aconteceu no século XIV. Hoje, os sepulcros com os restos mortais dos dois amantes estão colocados de frente um para o outro, no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.
Assim perdura a lenda da trágica história de Pedro e Inês.
Mas quem foi, realmente, Inês de Castro?
Escutai…
Inês nasceu em terras galegas, lá onde a névoa confunde os contornos das coisas, o verde transforma os prados em esmeradas e o rumor contínuo da chuva converte a inquietude em suave melancolia. Do mar ali próximo aproveitou o azul dos olhos, dos morros arredondados que rodeavam as suas terras, a harmonia da figura e dos cuidados que auspiciavam o seu nascimento, um ceto magnetismo, a que não escapava ninguém que a contemplasse…
Continue a escutar…
Acredite que esta história é arrebatadora e viciante.
Eu li-a pela primeira vez em 2005 e reli-a agora para o meu “rol de leituras”, com o mesmo entusiasmo.
Aonde vais príncipe Pedro?
Aonde vais, triste de ti?
A tua amada está morta,
morta está, que eu bem a vi.
Seus cabelos eram de oiro,
e suas mãos de marfim.
Sete condes a choravam,
cavaleiros mais de mil.
Leia!
Inês de Castro, de María Pilar Queralt del Hiero
Tradução de Saul Barata
Ed. Presença, 2003
147 págs.
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