O meu nome é INÊS SUÁREZ, habitante da leal cidade de Santiago de Nova Extremadura, no Reino do Chile, neste ano de Nosso Senhor de 1580. Não tenho certeza da data exacta do meu nascimento, mas a minha mãe assegura que nasci depois da grande fome e do tremendo surto de peste que assolou a Espanha logo após a morte de Filipe, o Belo.
Começa assim a história - misto de realidade e ficção - de Inês Suárez, a costureira espanhola que rumou ao Novo Mundo em busca do amor, aventura e liberdade, participou na conquista e fundação do Reino do Chile e se tornou rica e influente.
Inês nasce na Estremadura espanhola, em 1507. Aos dezanove anos conhece Juan de Málaga, que virá a ser o seu primeiro marido. Ele é bonito, alegre, tem porte de guerreiro. Mas também é vaidoso, preguiçoso e gastador. Inês trabalha e ele gasta. Logo ela percebe que aquele casamento foi um erro e, por isso, quando Juan parte à aventura para o Novo Mundo, no outro lado do Atlântico, a paixão que ambos partilhavam já há muito se transformara num desgosto.
Quando Inês deixa de receber notícias do marido, decide ir procurá-lo e segui-lo na sua aventura, custasse o que custasse, não por amor, porque já não o sentia, nem por lealdade, que ele não merecia, mas porque sonhava ser livre.
Sem dizer nada a ninguém, trata dos preparativos da viagem e quando obtém a licença real ruma ao Novo Mundo. Com ela leva Asunción, a sobrinha de quinze anos. É a primeira vez que o navio do Mestre Manuel Martín transporta mulheres e ele aconselha prudência a Inês.
Em Agosto de 1537, o navio chega a Cartagena das Índias. Para as duas mulheres começam as aventuras: Asunción casa no dia seguinte, com um passageiro da embarcação; Inês mata o marinheiro que entra no seu quarto sem ser convidado. O Mestre Martín desfaz-se do corpo e aconselha-a a sair de Cartagena, quanto antes. Inês parte sozinha para a cidade do Panamá e dali embarca para o Peru.
No Peru, Inês sabe da morte do marido. Decide não regressar a Espanha.
Diz ela: Juan de Málaga estava morto e eu estava livre. Posso afirmar com toda a certeza que foi nesse dia que a minha vida começou.
E começou mesmo, quando encontrou Pedro, o grande amor da sua vida. Com Pedro de Valdivia vivi um amor digno de uma lenda, e com ele conquistei um reino… a minha vida só vale a pena ser contada porque participei na conquista do Chile, junto de Pedro de Valdivia.
Pedro era mestre de campo, herói de muitas guerras, homem ambicioso, rico e poderoso. Quando conhece Inês já tinha decidido abandonar o Peru, onde havia tesouros incalculáveis, mas não chegavam para tantos pedinchões, e partir à conquista de outro território para deixar fama e memória de si. Sendo amantes inseparáveis, Pedro desafia Inês a acompanhá-lo:
Vamos para o Chile, Inês da minha alma…
Bem, decidi não desvendar mais sobre a vida desta singular senhora.Tendo ela vivido setenta e três anos - bem vividos - você não pode imaginar o quanto ficou por revelar.
Acredite que vale a pena ler (ou reler, como foi o meu caso) tudo o que ela contou à filha Isabel.
A propósito, Isabel nasceu do casamento de Inês com Rodrigo de Quiroga.
A propósito, Isabel nasceu do casamento de Inês com Rodrigo de Quiroga.
Confuso? Não, empolgante!
Inês da minha vida, de Isabel Allende
Tradução de Ana Mendes Lopes
Ed. Difel, 2006
342 págs.
Boa partilha
ResponderEliminarAbraço
Obrigada!
EliminarAbraço.
Linda esta história!
ResponderEliminarOlá!
EliminarAs histórias de Isabel Allende são lindas, comoventes e envolventes.
Vou reler mais algumas.
Bjs.