14 dezembro, 2012

NATAL - Poema de Reinaldo Ferreira

 

NATAL
Neste caminho cortado
Ente pureza e pecado
Que chamo vida,
Nesta vertigem de altura
Que me absolve e depura
De tanta queda caída,
É que tu nasces ainda
Como nasceste
Do ventre de Tua mãe.
Bendita a Tua candura.
Bendita a minha também.

Mas se me perco e Te perco,
Quando me afogo no esterco
Do meu destino cumprido,
À hora em que eu Te rejeito
E sangra e dói no Teu peito
A chaga de eu ter esquecido,
É que Tu jazes por mim
Como jazeste
No colo da Tua mãe.
Bendita a Tua amargura
Bendita a minha também.

Poema de Reinaldo Ferreira, Portugal (1922-1959)
Pintura de Carlos Reys, Portugal (1937-)

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