20 setembro, 2013

Dois autores, dois estilos, o mesmo verbo: "derramar"


 Contos, de Virginia Woof (1882-1941)
… refulgiam róseas e de novo refulgiam alaranjadas quando o sol, derramando-se pelas macieiras, incidia nelas. (No pomar)
… quando Miss Milan lhe pusera o espelho na mão e Mabel se olhara com o vestido novo, finalmente pronto, uma felicidade extraordinária se derramara no seu coração. (O vestido novo)
… o ramo de uma árvore à sua frente embebia-se e penetrava a sua admiração pelas pessoas daquela casa; derramava-se em gotas de outro; ou permanecia erecto como uma sentinela. (Resumo)
… Sasha já não se sentia capaz de derramar por cima do mundo inteiro a sua nuvem de ouro. (Resumo)
… o espelho começou a derramar sobre ela uma luz que parecia fixá-la, que parecia um ácido corroendo o acessório e superficial para deixar apenas a verdade. (A senhora no espelho: uma reflexão)
 
A travessia, de Cormac McCarthy (1933-)
… onde o regato se derramava para sul.
… em cujo seio o mundo audível se derramava.
… olhou para ele à luz que se derramava da porta aberta.
… a luz do meio-dia se derramava sobre os campos.
… o cabelo escuro dela derramava-se sobre o ombro do irmão…
… examinou aqueles mundos derramados nas suas pálidas ignições sobre a noite sem nome…
…cabelo claro que ele já não cortava há muito tempo derramado em volta dele…
 
O que eu me diverti a procurar, sublinhar, contar e guardar estas frases.
Enfim, o calor de Agosto faz destas coisas…
 
(“Derramar”, do inglês spill, shed, pour in)

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