23 setembro, 2014

"A verdade sobre o caso Harry Quebert" - Joël Dicker

- Gostaria de o ensinar a escrever, Marcus, não para que saiba escrever, mas para vir a ser escritor. Porque escrever livros não vale nada: toda a gente sabe escrever, mas nem todos são escritores.
- E como sabemos que somos escritores, Harry?
- Ninguém sabe se é escritor. São os outros que lho dizem.
Aurora- New Hampshire - 30 de Agosto de 1975 (noite)
Na pequena e pacata cidade à beira-mar, junto à fronteira com Massachusetts, Deborah Cooper, ao olhar pela janela da cozinha, vê uma jovem a ser perseguida por um homem na floresta. Avisa imediatamente a polícia. Deborah é assassinada minutos depois do telefonema.
Nessa mesma noite, Nola Kellergan, uma jovem de quinze anos, desaparece misteriosamente da cidade. Não é encontrada. As investigações policiais não conduzem a nada. O processo é arquivado.
Nova Iorque – início de 2008
Marcus Goldman tinha vinte e oito anos de idade quando publicou o seu primeiro romance. O sucesso foi imediato e retumbante. Vendeu dois milhões de exemplares e assinou com a editora um contrato para o lançamento de cinco livros.
Um ano depois, Marcus, a nova coqueluche das letras americanas, não tinha ainda escrita uma única linha do segundo romance. A inspiração desaparecera.
Em 2008, o seu agente passou da advertência à pressão: Está a fazer-nos perder dinheiro! Apresente uma boa obra, escreva um bom livro e salve a sua honra. Dou-lhe seis meses…
Marcus Goldman liga, então, para a única pessoa que o pode ajudar a vencer o abismo da página em branco – Harry Quebert, o seu antigo professor na universidade, o Mestre, o grande amigo, o escritor de sucesso. 
Uma semana mais tarde Marcus chega a casa de Harry, em Aurora, casa que já conhecia bem, de estadias anteriores.
- Por vezes os escritores têm falhas, faz parte dos ossos do ofício… Lance- se ao trabalho, verá que isso se desbloqueará sozinho… vou ajudá-lo a reencontrar a inspiração… Que pensava, Marcus? Que ia escrever um segundo romance como quem põe um ovo? Uma carreira constrói-se, meu caro.
Um dia, sozinho em casa, Marcus descobre numa caixa de madeira, recortes de jornal sobre o desaparecimento de Nola Kellergan, em 1975, e uma série de fotografias de Harry com a jovem.
- Quem é Nola?
- Não me pergunte quem é Nola… amei-a, Marcus, amei-a muito… foi a mulher da minha vida.
Aurora – New Hampshire- 12 de Junho de 2008 (manhã bem cedo)
Nos arredores de Aurora, no jardim duma propriedade em Goose Cove, com vista para o mar e acesso directo à praia, a empresa de jardinagem contratada para plantar hortênsias num canteiro junto à casa construída em pedra e madeira, ao revolver a terra, encontra ossadas humanas a um metro de profundidade. Chama a polícia.
A casa é de Harry Quebert, sessenta e sete anos, um homem só, sem família, professor universitário, escritor de sucesso, autor do premiadíssimo romance “As Origens do Mal”, publicado em 1976.
Os restos mortais enterrados no seu quintal são de Nola Kellergan, a adolescente desaparecida há trinta e três anos. Enterrado junto dela os investigadores encontram o manuscrito do livro "As Origens do Mal" - a história de um homem e de uma mulher que se amavam sem na verdade, terem o direito de se amar.

Em Nova Iorque Marcus Goldman fica a saber, ao mesmo tempo que toda a América, que o professor Harry Quebert é suspeito da morte de Deborah Cooper e do rapto e assassínio de Nola Kellergan. Estupefacto, pega no livro “As Origens do Mal” e lê uma vez mais, a dedicatória do Mestre:
Para Marcus, o meu mais brilhante aluno.
Com toda a amizade
H.L. Quebert, Maio de 1999
Que mal seria esse? O amor entre um homem adulto e uma adolescente?
Convencido da inocência de Harry, Marcus volta a Aurora para investigar os acontecimentos ocorridos no verão de 1975, que conduziram ao desaparecimento e assassinato da jovem Nola e... escrever o seu segundo romance “A verdade sobre o caso Harry Quebert”, um relato minucioso do caso, tendo por base a sua própria investigação.
- O primeiro capítulo Marcus, é essencial. Se os leitores não gostarem, não lerão o resto do livro. Como tenciona começar o seu?
- Não sei Harry. Pensa que algum dia conseguirei?
- Conseguirá o quê?
- Escrever um livro.
- Tenho a certeza.
Bem, bem, o livro foi escrito, eu li-o (sem saltar nenhuma das quase setecentas páginas) e fiquei a saber - quem matou Nola Kellergan. Mas não foi uma leitura fácil, não. A história, bem escrita, não me empolgou. Só não desisti de querer saber o nome do assassino, porque encontrei o entusiasmo necessário para continuar a virar as páginas, nos conselhos do Mestre ao jovem escritor Marcus, sobre escritores, livros e amor. Fabulosos!
- Alimente o amor, Marcus. Faça dele a sua mais bela conquista, a sua única ambição. Atrás dos homens, outros homens virão. Atrás dos livros, outros livros. Atrás da glória, outras glórias. Atrás do dinheiro, mais dinheiro. Mas atrás do amor, Marcus, atrás do amor, só lágrimas salgadas.
Enfim!

A verdade sobre o caso Harry Quebert, de Joël Dicker
Tradução de Isabel St. Aubyn
Ed. Alfaguara, 2013
684 págs.

2 comentários:

  1. Olá Teresa! E que tal achaste o livro????
    Foi a minha 1ª leitura de 201 :D
    http://nososlivros.wordpress.com/category/joel-dicker/

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    1. Olá Nuno,
      Para mim um bom triller tem de ser viciante e empolgante. Este, apesar da trama bem urdida e bem escrito, achei-o entediante. Nunca mais acabava...
      Foram várias as vezes em que me apeteceu ficar sem saber quem matou a Nola.
      Enfim, está lido.
      Abraço para ti.

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