11 abril, 2014

"Fugas" - Alice Munro

Vê um pouco da vida real. Sai para o mundo.
Este é o meu primeiro livro da contista canadiana Alice Munro.
Comprei-o por mera curiosidade, quando soube que lhe fora atribuído o Nobel da Literatura 2013. Queria “encontrar-me” rapidamente com a velhinha linda, de cabelos prateados, de que nunca ouvira falar.
Falha minha! Descobri nas livrarias, e em português, vários livros de Alice Munro. Afinal, eu, que sou louquinha por contos, olhava, olhava e não via nada. Acontece!
Escolhi “Fugas”, porque algum teria de ser o primeiro e porque também a mim me apetece, isso mesmo, fugir. Acho que apetece a todos, não é verdade?
Bem, bem, convém dizer que por cá continuo e foi sentada no mesmíssimo sofá, que li as oito histórias que falam de mulheres - de todas as idades e de origens diferentes - em fuga, dos outros e de si próprias.
São histórias emocionantes sobre vidas reais, escritas por quem conhece bem a alma feminina, e tão convincentes que dei por mim a pensar se não seriam verdadeiras. Estranho!
Gostei de todas?
Senti alguma dificuldade em entender a fuga de Carla, em "Fugida", a primeira história, e desanimei.
Avancei para a segunda “Acaso”, depois para a terceira “Em breve”, depois para a quarta “Silêncio” e… só parei no finzinho da oitava, rendida à narrativa e clareza da escrita
Em “Acaso” conheci uma mulher admirável e foi com espanto, satisfação e prazer, que a reencontrei nas duas histórias seguintes.
As três histórias narram vinte anos de vida de Julliet:
- na primeira, ela tem o cabelo castanho claro e aspecto de uma colegial atenta. Vive numa pequena vila, e todos lhe dizem – Sai para o mundo.
- na segunda, ela volta à casa da sua infância, para os pais conhecerem Penelope, a neta de treze meses.
- na terceira, ela perdeu o vigor do seu castanho natural por causa dos anos em que o pintara de ruivo- era agora de um castanho prateado, fino e ondulado. Está sozinha. Vive entre livros e passa grande parte do tempo a ler e a esperar pela filha, que se foi embora sem dizer adeus.
Mais não conto, sobre este conto. Nem sobre os outros sete.
Leiam! Leiam!
Eu, podem crer, vou ler todos, mas mesmo todos, os contos desta extraordinária senhora.
Estranhei a atribuição do Nobel a uma contista, mas bastou o arrepio que senti ao ler “Silêncio” – uma história emocionante, triste e bela - para não calar a minha admiração e gritar:
Viva Munro!

Fugas, de Alice Munro – Prémio Nobel de Literatura, 2013
Tradução de Margarida Vale de Gato
Ed. Relógio d’Água, 2007
263 págs.

Sem comentários:

Enviar um comentário