29 fevereiro, 2012

Vale a pena ler... Natacha Atlas



"Há duas maneiras de escravizar uma nação: uma é pela espada e outra pela dívida. A da espada é atribuida à realigião; o resto à dívida. Mas tudo começa na escassez. Se não temos o suficiente, tornamo-nos mais intolerantes."

"Reparemos no que se está a passar na Grécia, um país que parece ser propriedade de outros países. É como se tivessemos recuado ao colonialismo do passado, com os Estados incapazes de pagar as suas dívidas. Não podemos aceitar que nos reduzam a um monopólio do FMI ou seremos todos escravos."

Natacha Atlas, compositora, cantora e belly dancer, nascida na Bélgica, com raízes judias e muçulmanas, árabes e europeias, apresentou no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian o álbum Mounqaliba - In a State of Reversal (considerado um dos dez melhores álbuns de world music de 2010), que ela quis que fosse uma declaração política.

Excerto da entrevista publicada no P2 do jornal Público de 28 Fevereiro 2012

28 fevereiro, 2012

"Poema sáfaro" - poema de Natália Correia

POEMA SÁFARO
Todos os poemas são feitos
com o ouro das horas disponíveis.
Depois de penteado o poeta
das suas partes mais sensíveis
extrai um vapor de tristeza

e com essa matéria forma
a melancólica gentileza
de um hóspede a quem afaga
as mãos debaixo da mesa.

Fazer poemas enquanto se mata
durante a cópula quando faminto
esses nunca os vi fazer.

A poesia é sempre em vez
mênstruo de alma uma vez por mês
sangrenta flor abortada
da natureza infecundada.

Poema de Natália Correia, Portugal (1923-1993)
Pintura de Paula Rego, Portugal (1935-)

26 fevereiro, 2012

socorro! estou cativa de um livro de minúsculas

Não sei como dizer, mas estou mesmo presa nas minúsculas d’ o remorso de baltazar serapião, de valter hugo mãe.
Quando iniciei a leitura do livro estranhei a selva de minúsculas, mas rapidamente entrei no ritmo da história e ignorei-as sem quaisquer problemas. Tal como a leitura de Saramago, primeiro estranha-se e depois entranha-se.
De enfiada li até à página 100, entusiasmada com a trama e completamente ambientada às letrinhas pequeninas.
Acontece que...
Uma gripe viral de “arromba” me prostrou durante uma semana, paralisada por dores terríveis em todo o corpo, particularmente na cabeça.
Agastada por tanta dor e de mãos permanentemente ocupada a assoar o nariz que pingava sem cessar, a leitura do serapião foi deixada para melhor ocasião.
Foi o mal...
Melhorzinha mas não totalmente recuperada (o virús era forte), as letrinhas pequeninas são agora mais difíceis de seguir e não consigo passar da leitura da página 101, que já repeti uma, duas, três vezes.
Resolvi, então, pedir ajuda a quem já fez esta travessia de letras pequeninas para que me indiquem o melhor método para chegar ao fim da história de serapião e de ermesinda.
Tenho para mim que valter hugo mãe pequenino, só lido de enfiada, para que as letrinhas nos baralhem uma única vez e depois consigamos levar de vencida uma escrita alucinante.
Será que é esta a fórmula mágica? Já não digo nada.
Estou cada vez mais desanimada e nem a MAIÚSCULA que, eufórica, descobri na página 58 – um D, sim um D ENORME – me consegue ajudar.
Já dizia Saramago: Este livro é um tsunami.
Socorro!

25 fevereiro, 2012

Show da língua portuguesa!

Recebi este miminho de uma amiga e decidi partilhar no meu rol.

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim:
Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.
Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava a fortuna? Eram quatro os concorrentes.
A irmã fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
O sobrinho chegou de seguida e pontuou assim o escrito:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres
O padeiro pediu cópia do original e puxou a brasa p’rá sua sardinha:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

Moral da história:
A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras.
Somos nós que fazemos sua pontuação.
E isso faz toda a diferença.

Divirtam-se e bom fim de semana!

24 fevereiro, 2012

"Rosa brava" - José Manuel Saraiva

… tal como a vida dos homens, a história dos povos não se faz: acontece.
Foi em 2005 que li pela primeira vez este romance histórico, o segundo do autor. Ainda hoje recordo a satisfação que senti ao descobrir um jornalista que investigara factos da nossa história e sobre eles escrevia numa linguagem contemporânea irreverente e cativante.
Agora, e tal como eu esperava, a releitura desta arrevesada intriga política voltou a seduzir-me.
 
É extraordinária esta história sobre intrigas palacianas, traições, assassinatos e guerras com Castela, que giram à volta do romance de D. Fernando - o rei namoradeiro, que dava mais espaço à preguiça que ao trabalho, que gostava mais de soltar dois tiros numa caçada do que fazer ou assinar uma lei, que faz e desfaz alianças que não pretende cumprir e D. Leonor Teles de Menezes - a aleivosa, mulher bela e sedutora, perversa, egoísta, ambiciosa e vingativa.
A governação desastrosa de D. Fernando levou o país ao colapso económico e depois do casamento com D. Leonor o colapso foi também social e político, com constantes crises e guerras que culminarão na crise da sucessão de 1383-85.
Depois da morte do rei, D. Leonor é obrigada a abandonar o paço.
Como e onde acabará, nesta história, a rainha mais odiada de sempre?
Leia para descobrir, aprender e se divertir.

Rosa brava, de José Manuel Saraiva
Oficina do livro, 2005
447 págs.

21 fevereiro, 2012

Vale a pena ler... José Pacheco Pereira

O fim das livrarias

A grande livraria clássica está a desaparecer.
....
Eram livrarias de pessoas, feitas de pessoas e para as pessoas, em que os livros não eram instrumentais, mas eram um “mundo” em que todos participavam. Esse mundo está a desaparecer para o comum dos portugueses e a deslocar-se para os consumidores “de culto” ou para os consumidores de “papel pintado” e capas todas iguais, ou para aqueles que dizem que lêem no iPad e não lêem coisa nenhuma.
Parte desta mudança é inevitável, e não é má em si porque para muita gente significa que vai continuar a ler: não faço parte dos nostálgicos do cheiro dos livros, nem das más livrarias, mesmo com cem anos. Mas das boas livrarias tenho pena que desapareçam e prescindo que me dêem lições de mercado e da “destruição criativa” schumpeteriana. Não é isso que está em causa, mas aquilo que, num balanço geral, feito por qualquer Deus que veja tudo, significa mais pobreza, menos qualidade, mais deserto afectivo como os “likes” do Facebook, mais tijolos da moda, e menos livros que sejam livros na mão de quem os vende e na mão de quem os compra.

Excerto da crónica publicada no jornal Público de 18 Fevereiro 2012
Vale a pena ler na íntegra.

19 fevereiro, 2012

Filme "Le Havre", de Aki Kaurismäki

Fui ontem ver o filme comédia/drama “Le Havre” e ADOREI.
Como quero que todos possam viver essa experiência deixo aqui o meu conselho: corram a ver este firme maravilhoso.
Não interessa agora discorrer sobre o tema, sobre a realização ou sobre as interpretações, interessa apenas dizer que a poesia que brota do ecrã nos faz esquecer o negrume destes dias sem esperança disfarçados com máscaras carnavalescas.
Que belo filme!

17 fevereiro, 2012

"O bom soldado" - Ford Madox Ford

Do coração dos homens não sei nada, nada de nada.
Esta é a história mais triste jamais contada… porque é verdadeira e porque a soube pelo próprio Edward Ashburnham (o bom soldado) e só pude escrevê-la depois de todos os outros terem morrido.
Alertada pelo autor para a tristeza desta história de adultério, intrigas, traições e paixões, iniciei a leitura deste clássico da literatura inglesa com alguma apreensão e desconfiança. Teria em mãos um melodrama folhetinesco? Puro engano.
Encontrei um relato trágico e cómico da moral da época e da complexa relação entre dois casais ricos e cultos, um inglês (Edward Ashburnham e Leonora) e um americano (John Dowell e Florence), que convivem durante nove anos em termas europeias onde buscam remédio para os corações fracos de Edward e de Florence
Éramos todos “pessoas de bem”, diz o marido enganado e narrador Dowell, dirigindo-se a um único ouvinte silencioso sentado à sua frente (o leitor?) num estilo aparentemente desordenado mas misterioso.
E que hipóteses tinha eu contra esses três jogadores inveterados, todos coligados para esconderem de mim as suas jogadas? Que remota hipótese? Eram três contra um … e fizeram-se feliz. E poderiam ter feito melhor? Ou que poderiam ter feito que tivesse sido pior? Não sei…
Este romance inspirou a obra de muitos escritores de língua inglesa, nomeadamente Graham Green, e é considerado um dos melhores romances ingleses do século XX.
Gostei?
Sim, mas a leitura nem sempre foi fácil e interessante. Por vezes enrolei-me na trama intrincada e quase desisti.
“Dói” ler os clássicos…

O bom soldado, de Ford Madox Ford.
Teorema, 2004
Tradução de Telma Costa
265 págs.

Quem é Ford Madox Ford?

Ford Madox Ford, de seu verdadeiro nome Ford Hermann Hueffer, nasceu em Londres, em 1873.
Em 1919, depois de ter servido três anos e meio no Exército Britânico durante a Grande Guerra, Ford surgiu na cena literária londrina e mudou o seu nome para Ford Madox Ford; depressa, porém, se mudou para a sua amada França.
Ao todo publicou oitenta volumes de ficção, poesia, memórias, biografia, história, ensaio, literatura de viagens e crítica literária e artística, e mais de quatrocentos artigos de revista.
Foi amigo íntimo e colaborador de Joseph Conrad e conheceu bem os seus contemporâneos H.G.Wells, D. H. Lawrence, James Joyce e o poeta americano William Carlos Williams.
A sua obra-prima são os romances O Bom Soldado (1915) e a tetralogia Parade’s End (1924-1928).
Morreu em Beauville, França, em 1939.

14 fevereiro, 2012

Celebrar o AMOR com "Afrodite" de Isabel Allende


 No Dia dos Namorados deliciem-se com este livro mágico de Isabel Allende, porque "a sexualidade é uma componente da boa saúde, inspira a criação e faz parte do caminho da alma...".

"Dá-me mil beijos, a seguir cem, depois outros mil, a seguir mais cem, a seguir mil, depois cem; por fim, quando tivermos somado muitos milhares, baralharemos a conta para não a sabermos e para que nenhum invejoso nos possa lançar mau olhado quando souber que nos demos tantos beijos.

» Não consigo separar o erotismo da comida e não vejo razão para o fazer, pelo contrário, pretendo continuar desfrutando os dois enquanto as forças e o bom humor mo permitirem.

» Aqui referimo-nos só à arte sensual da comida e aos seus efeitos na execução amorosa, e oferecemos receitas com produtos que podem ser ingeridos pela via oral sem perigo de morte – pelo menos imediata – e que além disso são saborosos.

» Limitamo-nos a afrodisíacos simples, como as ostras recebidas da boca do amante, segundo uma receita infalível de Casanova, que desta forma seduziu algumas noviças malandras, ou a suave massa de mel e amêndoas moídas que os eleitos de Cleópatra lambiam nas suas partes íntimas, perdendo assim o juízo, e também receitas modernas com menos calorias e colesterol. Não demos mezinhas sobrenaturais, porque este livro é um livro prático e sabemos como é difícil conseguir patas de koala, olhos de salamandra e urina de virgem, três espécies em via de extinção."

Há mais, muito mais!

"Dedico estas divagações eróticas aos amantes brincalhões e – porque não? – também aos homens assustados e às mulheres melancólicas." – Isabel Allende

Afrodite – Histórias, Receitas e outros Afrodisíacos, de Isabel Allende
Difel, 1997
Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra
323 págs.

12 fevereiro, 2012

Eu, que até gosto de Whitney Houston...

... estou triste, muito triste.
Por favor, expliquem-me como é que alguém que tem TUDO, mesmo TUDO, envereda pela autodestruição física e psicológica? Como?
Perdemos uma ENORME voz. Um vozeirão.
Estou triste!
Whitney Houston (1963-2012)

"A vida é uma dádiva e a nossa tarefa é aprender a recebê-la", Louise L. Hay

10 fevereiro, 2012

"Este país não é para velhos" - Cormac McCarthy

Cada momento nas nossas vidas é uma encruzilhada e é também uma escolha. Fizeste algures uma escolha. Tudo o que veio a seguir conduziu a isto. A contabilidade é rigorosa. A forma está traçada. Não se pode apagar nem uma só linha.
Assim que eu entrei na tua vida, a tua vida terminou. Teve um começo, um meio e um fim. O fim é agora. Dirás que as coisas podiam ter sido diferentes. Que podiam ter corrido de outra maneira. Mas o que é que isso significa? As coisas não correram de outra maneira. Correram desta. Estás a pedir-me que desminta o mundo. Percebes?
Sim, disse ela, a soluçar. Percebo. A sério que percebo.
Ainda bem, disse ele. Óptimo. Depois deu-lhe um tiro.
É com palavras que Chiguhr tortura as suas vítimas antes de as matar. Com palavras e com uma moeda, que manipula para ditar o destino de cada um: Cara ou Coroa?
A história deste violento, misterioso e alucinante romance de Cormac McCarthy passa-se no final dos anos setenta, na fronteira do Texas com o México, numa zona de actuação dos traficantes de droga.
Desta vez Cormac McCarthy leva-nos ao amago do confronto entre o BEM (o velho e desiludido xerife Bell), e o MAL (Chiguhr um psicopata amoral, violento, tresloucado, um profeta da destruição), num país à deriva.
Tudo começa quando Llewelyn Moss, numa das suas saídas para a caça, encontra uma carrinha cheia de cadáveres, um carregamento de heroína e uma pasta com dois milhões de dólares.
Tinha ali a sua vida inteira… tudo resumido a dezoito quilos de papel dentro de uma mala.
Moss apodera-se do dinheiro e esse acto dá início a uma cadeia de reações de violência, que nem a lei consegue controlar.
Anton Chiguhr é contratado para recuperar o dinheiro e a caça ao homem deixa-nos sem fôlego.
Quem é Chiguhr?
Ninguém sabe, pois quem o vê não vive o suficiente para contar.
Do lado da lei está o velho xerife Bell, à beira da reforma, que num monólogo perturbador (em capítulos autónomos escritos em itálico) nos fala da sua vida pessoa e profissional. Bell, xerife desde os 25 anos, é um homem honesto, trabalhador, impotente para controlar a violência que grassa no seu condado e horrorizado com o estado a que chegou o país.
As pessoas dizem que foi o Vietname que pôs este país de rastos. Mas eu nunca acreditei nisso. O país já estava em muito mau estado.
O xerife Bell persegue o assassino Chiguhr, uma perseguição inglória pois: Ele é um fantasma. Mas anda por aí à solta.
Considero o xerife Bell o principal personagem deste livro de Cormac McCarthy.
A história da sua vida é um romance dentro de outro romance. Fantástico!
Já no filme dos irmãos Cohen, com o mesmo nome, o principal papel pertence a Anton Chiguhr (espantosamente interpretado por Javier Bardem) e o xerife tem um papel secundário.
Prefiro a versão do livro.
Só no fim da vida é que conseguimos ver-nos tal como realmente somos e, ainda assim, podemos enganar-nos. Pus-me a pensar porque é que quis pertencer às forças da ordem. Quis que as pessoas dessem ouvidos ao que eu tinha para dizer. Mas havia outra parte de mim que desejava somente puxar todos os náufragos para dentro do salva-vidas.
Já li. Já reli. Voltarei.

Este país não é para velhos, de Cormac McCarthy
Relógio d´Agua, 2007
Tradução de Paulo Faria
226 págs.

09 fevereiro, 2012

"Olho na palma das mãos..." - José Carlos da Silva Primaz

Cabe-nos a nós, leitores, divulgar o trabalho de poetas desconhecidos, para que não continuem enclausurados nas rimas do silêncio.

OLHO NA PALMA DAS MÃOS
OS SULCOS DA MINHA VIDA
Olho a palma das minhas mãos, cheias de sulcos compridos,
Com outros até mais profundos... mas um pouco já esbatidos,
Como se cada um deles quisesse, algo da vida mostrar...
Pois dizem os adivinhos, que nas mãos conseguem ler,
E se forem bem estudadas, até o próprio futuro saber,
Mas a verdade... é que o meu futuro, eu nunca quis estudar.

Hoje, com a idade, duma outra forma estou olhando,
Pois sinto o final da vida, já de mim se aproximando,
E não sei, mas olho p’ra este sinal... com uma outra visão...
Porque não me lembro se ele, na linha da vida, já cá estava,
O que me levaria a pensar, que a vida, era ali que terminava,
E eu já não teria muito tempo... nem tão pouco salvação.

Por isso, e como hoje sinto o fim da vida se aproximando,
P’rá linha da vida, duma outra forma curiosa, fico olhando,
E não sei se o sinal quer dizer que é ali que a vida vai acabar...
Mas se for, sinceramente que isso não me causa preocupação,
Porque aquele sinal na linha, poderá ser uma interrupção,
Só que logo recomeça e me diz... que a vida vai continuar.

08 fevereiro, 2012

Banda desenhada - puro deleite!

Ontem fui fazer um exame médico (rotina, simples rotina) a um hospital privado. Estava marcado para as 15.30 horas (eu fui pontual) mas só me chamaram às 16.20 horas (reparem que eu disse que fui a um hospital privado).
Por sorte tinha metido na carteira dois livros de banda desenhada, que "saquei" da estante da minha filha.
Foi um deleite!
O tempo de espera passou a correr e eu senti-me pronta para efectuar aquele e muitos outros exames médicos. Bom, vamos lá com calma...
Para mim a banda desenhada é o melhor calmante do mundo. Acalma a alma, refresca o coração e aviva o sorriso .
Concordam?

07 fevereiro, 2012

Desafio nº 3: De que poema foram retirados estes versos? E quem o escreveu?

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo, senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Ajuda se eu disser que foi escrito em 1928?

==== //// ==== //// ====

Resposta do Desafio nº 2:
O escritor americano é o genial Cormac McCarthy.
Parabéns para quem acertou.

05 fevereiro, 2012

Liebster Blog - o meu primeiro selinho!

Uau! Ganhei o meu primeiro selinho, oferecido pela Landa do Horizonte dos Livros.
Selo Liebster Blog, significa querido, amado, favorito, em alemão. Desde já agradeço e fico contente que gostem de visitar o meu blog.
Aproveito a oportunidade para oferecer também este selo a 5 blogs que visito com regularidade:
É pena só poderem ser cinco e com menos de 200 seguidores pois outros havia que também gostaria de aqui citar.
Uma boa semana para todos.

Regras:
1. Link de volta com o blogueiro que lhe deu;
2. Cole o selinho em seu blog;
3. Escolha 5 blogs para repassá-lo, que tenham menos de 200 seguidores;
4. Deixar comentário avisando que estão recebendo o selinho.

"O meu país inventado" - Isabel Allende

Realmente, o bom nestas coisas da blogosfera é a partilha de informações, opiniões e até de críticas.
No blogue tonsdeazul li uma opinião sobre o livro de Isabel Allende - Inês da Minha Alma - que, como diz a autora do blogue e eu confirmo, é uma verdadeira lição de história.
Lembrei-me, então, de um livro da mesma autora que li depois de uma viagem ao Chile e que me maravilhou e ensinou imenso sobre aquele país fantástico.
Recordo que Isabel Allende nasceu em Lima, no Peru, em 1942, mas tem a nacionalidade chilena.
Como considero a sinopse do livro muito bem feita vou reproduzi-la:
O amor pelo Chile e uma grande nostalgia são a origem deste livro. A presença contínua do passado, o sentimento de ver-se ausente da pátria, a melancolia por essa perda, a consciência de ter sido peregrina e forasteira: em O Meu País Inventado, Isabel Allende recolhe toda a emoção que isto implica, e transmite-a com inteligência e humor. Analisado pelo olhar e pelas recordações da autora, o Chile torna-se um país real e simultaneamente fantástico, uma terra estóica e hospitaleira, de homens machistas e mulheres fortes, apegadas à terra.
Organizado sobre o eixo da nostalgia, O Meu País Inventado é uma obra divertida, rápida e inocente. Nela está presente uma caracterização do povo chileno, geográfica e sociológica. Mas a autora não nos mostra apenas o seu país, o livro apresenta-se também como uma oportunidade para conhecer o mundo interior de Isabel Allende e as suas origens.
Uma amálgama entre o ensaio e a biografia, na qual, como diz a autora "dança com a memória" tratando-se de "recuperar o que é e o que foi o Chile, a minha infância, a minha família e a minha literatura".
Prometo não voltar tão cedo à autora....
Conseguirei?

O meu país inventado, Isabel Allende
Difel, 2003
Tradução de Armando Pereira da Silva
215 págs.

03 fevereiro, 2012

"Contos escolhidos" - Guy de Maupassant

Em meados de 2011 apareceu nas livrarias um livro extraordinário com 42 contos de Guy de Maupassant, que o poeta Pedro Tamen selecionou (de entre mais de trezentos), traduziu e organizou em três grupos:

1. Contos mundanos, amorosos, eróticos e galantes (24)
Destaco A casa Tellier - um bordel considerado pelos clientes de estabelecimento de utilidade pública, que certo dia tem afixado na porta o seguinte letreiro “Fechado por motivo de primeira comunhão; A Minha Mulher - um homem embriagado entra no quarto errado e é obrigado a casar com a mulher que surpreende; As Jóias - a séria mulher do Sr. Lantin governava a casa com uma economia tão hábil que até parecia que viviam no luxo. Vai sozinha ao teatro e compra bijuterias falsas. Após a sua morte, o Sr. Lantin descobre que afinal as bijuterias são joias verdadeiras.
2. Contos inquietantes, de horror e de mistério (9)
Destaco Um Drama Verdadeiro - como diz o autor uma história impressionante sobre o amor de dois irmãos pela mesma rapariga, o ciúme de um, a morte do preferido, o crime num recanto de uma mata, a justiça despistada…; A mão - um crime muito habilmente concebido, muito habilmente executado, e de tal modo envolvido em mistério…
3. Contos exemplares (9)
Destaco Bola de Sebo - a história de uma mulher pequenina, redondinha, com uma pele reluzente e esticada… no tempo da ocupação prussiana. Para os vencidos começava o dever de se mostrarem afáveis para com os vencedores; A História de um Cão - uma história verdadeira sobre um cão sem nada de especial, feio, de aspecto vulgar; A felicidade - à hora do chá falava-se do amor, discutia-se esse velho tema, repetiam-se coisas que já haviam sido ditas muitas vezes.
Vou voltar muitas vezes  a este clássico intemporal.
Fabuloso!

Contos escolhidos, de Guy de Maupassant
D. Quixote, 2011
Compilação e tradução de Pedro Tamen
400 págs.

Quem é Guy de Maupassant?

Um escritor francês, considerado o maior contista de todos os tempos.
Maupassant nasceu em 1850. Filho de pais separados, foi criado no campo pela mãe, uma mulher culta com problemas depressivos.
Na década de 70 Maupassant vai viver para Paris, onde contacta com grandes escritores, como Zola e Flaubert, e inicia uma colaboração com vários jornais, escrevendo diariamente crónicas, romances em folhetim e contos de crítica social, utilizando na perfeição o detalhe, a verdade, a ironia e o humor para descrever de forma única uma sociedade em rápida mudança.
Deixou mais de 300 contos. A maioria deles são retratos impressionantes da vida no campo, que ele tão bem conhecia.
Rico e famoso morre em 1893, num manicómio, na sequência de complicações provocadas pela sífilis, que o atormentou por mais de uma década e quase o levou ao suicídio.