27 junho, 2011

"As loucuras de Brooklyn" - Paul Auster

Eu andava à procura de um sítio sossegado para morrer. Houve alguém que me recomendou Brooklyn, de maneira que, na manhã seguinte, viajei de Westchester até Brooklyn para fazer uma espécie de reconhecimento do terreno.

Eis o início deste interessante livro de Paul Auster, que li em 2006 e agora reli com bastante agrado.
Nathan, narrador e personagem principal deste romance, “quase a bater à porta dos sessenta”, divorciado, vendedor de seguros reformado, a recuperar de um cancro nos pulmões, regressa a Brooklyn, para encontrar uma maneira de começar a viver de novo e fugir à rotina.
Idealiza vários projectos e decide-se pela escritura e compilação de pequenas histórias, para um livro que chamará “O Livro da Loucura Humana”, sobre “todas as asneiras, todos os lapsos humilhantes, todas as situações embaraçosas, todos os disparates que marcaram a minha longa e acidentada carreira como homem”.
Uma dessas histórias é sobre o reencontro, numa livraria de Brooklyn, com o seu sobrinho Tom - a promessa de um especialista em literatura norte-americana que, depois de conduzir um táxi, acabou a vender livros usados.
“Ambos estávamos sós, nenhum de nós andava com uma mulher, e nenhum de nós tinha muitos amigos (no meu caso nem um só)”.
Esse reencontro irá mudar a vida de ambos. E de que forma…
Paul Auster brinda-nos, depois, com um rol de personagens inesquecíveis, numa narrativa cativante, precisa e por vezes hilariante, sobre as relações humanas, no intervalo temporal da polémica eleição de Bush e o dia em que “o fumo de três mil corpos incinerados seria levado pelo vento até Brooklyn”.
Depois de “O Livro da Loucura Humana” Nathan tem uma nova ideia “a mais importante de todas as ideias que jamais tivera”: criar uma empresa que publicaria biografias pequenas e privadas sobre os esquecidos, para evitar que depois da morte de uma pessoa, todos os traços dessa vida, todas as histórias, factos e documentos desapareçam.
Era loucura sonhar com a concretização de um projecto tão ousado? A mim não me parecia.
Nunca se deve subestimar o poder dos livros.
Paul Auster – genial!

As loucuras de Brooklyn, de Paul Auster
Edições ASA, 2006
Tradução de José Vieira de Lima
299 págs.

2 comentários:

  1. PAUL AUSTER-simplesmente um grande e moderno escritor. Comprei "AS LOUCURAS DE BROOKLYN", há cerca de três anos mas ainda não o li, "MR VERTIGO" foi o último que li dele e, como todos os outros do autor, mais um grande livro.

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  2. Considero Paul Auster um bom escritor - nada mais.
    Não deixe de ler "As loucuras de Brooklin" (gostei) e, já agora, a seguir "Invisível" (talvez o livro de que mais gostei.

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