16 maio, 2011

"O animal moribundo" - Philip Roth


Por muito que saibamos, por muito que pensemos, por muito que maquinemos, compactuemos e planeemos, não somos superiores ao sexo.
As pessoas pensam que ao amar se tornam inteiras, completas? A união platónica das almas? Eu não penso assim. Penso que estamos inteiros antes de começarmos. E o amor fractura-nos.
Este espantoso romance sobre a vida, a morte, o sexo, a amizade, a família e a doença, é narrado por David Kepesh, um dos dois alter-egos do autor, aqui um eminente crítico cultural da TV, conferencista de mérito e professor universitário, divorciado, pai ausente, a viver desbragadamente a liberdade sexual conquistada com a revolução cultural dos anos 60.
Kepesh, que se considera muito vulnerável à beleza feminina, tem como “gozo da vida” seleccionar no primeiro dia de aulas uma aluna para ter “um caso” no final do ano lectivo, seguindo um estratagema de sucesso: após o exame final, e só depois de conhecidos os resultados, oferece uma festa aos estudantes no seu luxuoso apartamento, fica a sós com a rapariga escolhida e… tudo acontece. É um jogo puramente sexual. Nada mais. Todos os anos aparecem jovens lindas nas suas aulas.
Até que, aos sessenta e dois anos a escolha recai sobre Consuela Castillo, vinte e quatro anos, americana de origem cubana, que “sabia o que o seu corpo valia” e que, logo na primeira noite que passam juntos, define as regras e assume que aquela relação não pode passar do cariz sexual.
Nada mais será igual.
A vida de Kepesh desmorona. Deixa de ser a pessoa confiante. Fica próximo da loucura, controlador, ansioso, neurótico.
“O ciúme: esse veneno. A incerteza. O medo de a perder mesmo quando estava em cima dela. Obsessões que, em toda a minha variada experiência, nunca conhecera”.
Um ano e meio depois ela termina de forma abrupta a relação.
Ele começa a sentir-se velho. Recorda o seu divórcio e o afastamento do filho. Desabafa com George, o seu maior amigo.
O tempo passa. Ele tem novas namoradas. A doença e a morte giram à sua volta: George morre, Consuela telefona-lhe para lhe comunicar que está gravemente doente. O que fará ele?
Philip Roth foi buscar ao poema “Death” de William Butler Yeats, o título para este romance “The Dying Animal”.
Fabuloso!
O animal moribundo, de Philip Roth
Dom Quixote, 2006
Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues
131 págs.

2 comentários:

  1. Um excelente livro. Li-o agora!

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    1. Olá Vasco,
      Concordo!
      Bem, para mim todos os romances de Philip Roth são excelentes. Nada há a fazer... eu gosto de todos. Todos!

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