11 maio, 2011

"Casei com um comunista" - Philip Roth


Na sociedade humana, pensar é a maior de todas as transgressões.

"Esta é a história da ascensão e queda de Ira Ringold, uma popular estrela da rádio, que vê a sua vida pessoal e profissional destruída na era da caça às bruxas de McCarthy. Nos seus dias de glória casa com a famosa estrela de cinema mudo, Eve Frame. O idílio romântico é breve e o seu casamento transforma-se num drama de lágrimas e traições, passando da esfera privada a escândalo nacional, quando Eve faz revelações estrondosas a um colunista, denunciando o seu marido como espião comunista e sabotador.”

“Casei com um comunista” é o título do livro autobiográfico que Eve Frame – uma judia “patologicamente envergonhada” - vai publicar e no qual denuncia Ira, o marido judeu que luta pelos ideais marxistas.
Mas o que a levou a escrever tal livro?
A resposta é dada pelo escritor Nathan Zuckermann (alter-ego) de Philip Roth) e surge na sequência do encontro com o seu antigo professor de inglês Murray Ringold, então com noventa anos, irmão de Ira, o seu ídolo de infância, morto há mais de 30 anos.
Murray conta-lhe tudo acerca da vida privada do irmão, aniquilado de forma brutal por causa das suas convicções, e de como ele próprio foi afectado ao ser destituído do cargo de professor por se recusar a cooperar com a Comissão da Câmara de Actividades Antiamericanas, e se tornou vendedor de aspiradores de porta em porta, até conseguir a reintegração.
E Nathan fica a saber que não conseguiu obter uma bolsa quando acabou o liceu, por ser amigo de Ira.
“Foi assim que o passado me revisitou”, diz Nathan.
Vivia-se “a conturbada época do pós-guerra, quando a febre do anticomunismo não só contaminava a política nacional mas também a intimidade das vidas de amigos e famílias, maridos e mulheres, pais e filhos”, a chamada “caça às bruxas”.
Gostei e aprendi muito sobre a história da América, na passagem dos anos 40 para os anos 50. Magistral!

Casei com um comunista, de Philip Roth
Dom Quixote, 1999
Tradução de Ana Maria Chaves
365 págs.

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