03 dezembro, 2010

"Mentira" - Enrique de Hériz

Um dos grandes romances espanhóis dos últimos anos, é uma história, poderosa, contada por duas mulheres: Isabel (a mãe) antropóloga especialista em ritos funerários, dada como morta na selva da Guatemala depois de esquecer a mochila com a documentação junto de um cadáver feminino, que opta por viver a mentira da sua morte; e Serena (a filha) que pesquisa e escreve histórias da família (histórias de enganos), ao mesmo tempo que lida com os irmãos e com a morte da mãe.
Isabel, ao optar por viver a própria morte sem estar morta, evita regressar a uma vida junto da família, que “se parecia cada vez menos com a vida”, a um emaranhado de enganos e mentiras, “mentiras que não podia denunciar depois de ter contribuído para a sua criação durante tantos anos com o seu silêncio”.O silêncio é às vezes uma das formas mais sofisticadas da mentira”.
Indignada por os filhos não terem esclarecido o equívoco da sua morte, aquando do reconhecimento do cadáver “supõe-se que os filhos estão geneticamente preparados para reconhecer a mãe” ,regressa, decidida a acabar com a mentira da sua morte e com o emaranhado de mentiras das vidas passadas do marido Júlio e do pai Simón, que sempre silenciou.
“Tive muito tempo para pensar …. E agora sei que calei demasiado, que muitas vezes não vos disse o que devia dizer-vos…levei tempo a voltar porque estava indignada por não terem sido capazes de reconhecer o meu corpo “.
Serena investiga o passado, detecta lapsos e procura a verdade.
“a mamã a descobrir o valor medicinal da verdade” desvendará todos os mistérios.
Gostei muito do que li - e não é mentira!


Mentira, de Enrique de Hériz
Dom Quixote, 2006
Tradução de J. Teixeira de Aguilar
505 págs.

1 comentário:

  1. Está na lista (depois de ler "O QUARTO DE JACK", que irei iniciar).

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